Quando devo medicar o luto?
Em tempos de pandemia pelo COVID 19 temos assistidos inúmeras perdas humanas e muitas famílias sendo atravessadas pelo luto.
O luto é uma reação psicológica NORMAL e NECESSÁRIA perante a morte de um ente querido. É um processo necessário para ressignificar todo esse impulso afetivo que era direcionado a esse familiar que não está mais presente.
As características que diferenciam o luto de uma depressão clínica dizem a respeito do número e gravidade dos sintomas e da duração desses.
Ambos cursam com humor deprimido, hipobulia (redução da vontade), anedonia (perda do prazer pelas atividades de vida diárias), incapacidade de pensar no futuro, inquietação, perturbação do sono, falta de concentração.
Porém, o luto tende apresentar alguma melhora após alguns meses (2 a 6 meses).
Quando há uma DEPRESSÃO clínica subjacente ao luto, há geralmente um sentimento desproporcional de culpa, sentimos de menos valia e autoestima baixa, um prejuízo dos autocuidados (não toma banho, não escova os dentes, não quer sair da cama), uma lentificação mental e física, pensamentos de morte e algumas vezes até experiências de alucinações auditivas.
Nesses casos, é necessária uma intervenção medicamentosa para amenizar esse sofrimento e reabilitar esse paciente de volta às suas atividades cotidianas de vida.
Há taxas de incidência de depressão de até 20% após um luto.
A prevalência da depressão em viúvos é próxima de 50%.
Eusébio J Gallo Jr
Médico Psiquiatra
CRM/SP 158005 RQE 66.914